O Diamante Hope, também conhecido como “Le bleu de France” (O Azul da França) ou como “Le Bijou du Roi“(A Joia do Rei), é uma enorme pedra de 45,52 quilates (9.10 g), de um azul intenso e que hoje se encontra no museu de História Natural Smithsonian, em Washington, Estados Unidos. Ele é azul a olho nu por causa dos traços de boro em sua estrutura, mas apresenta uma fosforescência vermelha quando exposto à luz ultravioleta.
Ele é conhecido por, supostamente, ser amaldiçoado. Possui uma longa história, retratada com alguma confusão, pois mudou de dono diversas vezes. Já passou pela a Índia, França, Reino Unido e Estados Unidos. Talvez ele seja o diamante mais famoso do mundo. Ele também é a segunda obra de arte mais visitada do planeta, perdendo apenas para a Mona Lisa no museu do Louvre.
A História
A história do diamante começou quando um mercador francês chamado Jean Baptiste Tavernier adquiriu a pedra preciosa, no século XVII. Na época, o diamante pesava 112 quilates, aproximadamente. Alguns manuscritos, feitos pelo próprio Tavernier, relatam que a Índia é a origem do diamante, mais precisamente a mina Kollur, em Guntur, que naquele tempo fazia parte do reino de Golconda. Esse diamante possuía um formato triangular e estava grosseiramente lapidado. Sua cor foi descrita, por Jean Baptiste como um lindo violeta.
Tavernier vendeu a pedra para o rei Luís XIV da França, em 1668, juntamente com outras 14 grandes pedras preciosas e outras tantas menores. Em 1673, o diamante foi lapidado novamente por Sieur Pitau, o joalheiro da corte. Após a lapidação, o Diamante Hope perdeu peso, ficando com aproximadamente 67 quilates, mas ganhou beleza. No inventário real, sua cor foi descrita como azul cortante. Na época, a pedra ficou então conhecida como o “Diamante Azul da Coroa” ou o “Azul Fracês”. Foi envolto em ouro e colocado em uma fita para o rei colocar no pescoço em ocasiões cerimoniais.
O rei Luis XV, em 1749, mandou remodelar a pedra. O joalheiro da corte, dessa vez, Andre Jacquemin, colocou o diamante em uma joia cerimonial para a Ordem do Tosão de Ouro (Ordre de La Toison D’Or) – uma ordem de cavaleiros muito importante da Europa. Em 1791, depois da tentativa de fuga de Luis XVI e Maria Antonieta da França, houve semanas de saques ao castelo e às joias da coroa. Em setembro de 1792, o diamante azul foi roubado.
Em 1812, um diamante azul escuro, que pesava aproximadamente 45 quilates, foi documentado como sendo de Daniel Eliason, um mercador de diamantes de Londres. Fortes evidencias indicavam que a pedra se tratava do Azul Francês relapidado. Muitas referências sugerem que ele foi adquirido pelo rei Jorge IV da Inglaterra, em seguida. Na ocasião de sua morte, em 1830, as dívidas eram tantas que o diamante azul foi vendido.
A primeira referência do próximo dono do diamante foi encontrada em 1839, com um registro de entrada em um catálogo de gemas de um colecionador muito conhecido, chamado Henry Philip Hope. A partir de então, o diamante ficou conhecido como Hope. Infelizmente, o catálogo não revelava de onde ou de quem Hope adquiriu o diamante, nem a quantia paga por ele.
Após a morte de Henry Philip Hope, em 1839, o diamante passou pelas mãos de seu sobrinho Henry Thomas Hope e, em seguida, pelo neto de seu sobrinho, o Lord Francis Hope. Em 1901, Lord Francis Hope obteve permissão da Chancelaria e de suas irmãs para vender a pedra para ajudá-lo a sanar suas dívidas. O Diamante Hope foi, então, vendido para Joseph Frankels e filhos da cidade de Nova Iorque. Em seguida, já trocou de mãos e o novo dono, Selim Habib, colocou o diamante a leilão, em Paris, em 1909. A preciosidade não foi vendida no leilão, mas um tempo depois foi adquirida por Pierre Cartier, naquele mesmo ano.
Em 1910, a Cartier apresentou o diamante Hope à Sra. Evalyn Walsh McLean, de Washington D.C., mas ela não gostou da peça. Cartier, então, mandou relapidar a pedra e a levou novamente aos Estados Unidos. O diamante ficou com a Sra. McLean durante um final de semana. A estratégia deu certo e a venda foi concretizada em 1911. O diamante estava em uma tiara de três arcos, cravejada de grandes diamantes brancos. Algum tempo depois, o diamante tornou-se um pingente em um lindo colar de diamantes, joia na qual repousa até hoje. A extravagante Sra. McLean, dona da pedra, morreu em 1947.
Evalyn Walsh McLean
A Harry Winston Inc., da cidade de Nova Iorque, comprou toda a coleção de joias da Sra. McLean, em 1949. Além do Hope, ainda faziam parte dessa coleção, o diamante Estrela do Leste, com 94.8 quilates, o Estrela do Sul, com 15 quilates, um diamante verde, com 9 quilates e um diamante de 31 quilates que agora é conhecido como Diamante McLean.
Nos 10 anos seguintes, o Hope foi exibido pelo mundo todo, em muitos eventos de caridade promovidos pela Harry Winston Inc. Em 10 de novembro de 1958, o Diamante Hope foi doado ao Instituto Smithsonian, onde passou, rapidamente, a ser a atração principal. O diamante saiu do instituto apenas quatro vezes, desde a data da doação.
O Diamante Hope, por muito anos, foi reportado com o peso de 44,5 quilates. Porém, em 1974, ele foi removido da peça onde estava cravado e pesado com equipamentos mais precisos e modernos, que descobriram que o Hope, na verdade, pesava 45,52 quilates.
A Maldição
O Diamante Hope é conhecido por ser amaldiçoado. O mito diz que ele traz má sorte a quem o usa ou a quem o possui. No entanto, há fortes indícios de que tal história se baseia em histórias inventadas para chamar atenção para a gema.
A lenda foi inventada por autores ocidentais durante a Era Vitoriana, quando o tom místico do Diamante Hope aumentava consideravelmente as vendas de jornais. Em 2006, um relatório publicado pelo The New York Times dizia que nenhuma evidência que conecte o Diamante Hope a tragédias foi oficialmente provada.
Fotos: Reprodução
Fontes: Famous Diamonds, Wikipedia